Os Mochos
Para:
Aud

Emília

Marion

Merle

Nedim

De:
Domingos

Há muito, muito tempo, numa galáxia distante, existia um mundo povoado por muitas espécies de animais diferentes entre si, dividido em vários reinos, utilizando diferentes linguagens e com diferentes usos e costumes.

Neste mundo de muitos reinos, apesar do grande desenvolvimento tecnológico que todos eles tinham atingido, com televisões, telemóveis, internet, cada reino vivia fechado sobre si, separado por muros e portas fechadas, e os seus habitantes ignoravam-se uns aos outros.

Um dia, encontraram-se por acaso – não foi bem assim, mas nas boas histórias tudo começa por acaso – seis mochos, de seis reinos muito distantes entre si: O mocho do reino Estonium, o mocho do reino Irlandum, o mocho do reino Italium, o mocho do reino Noruegum, o mocho do reino Portucalum e o mocho do reino Turquium. Estes nossos heróis, ao conversarem acerca dos seus diferentes reinos, chegaram à conclusão de que pouco ou nada sabiam uns acerca dos outros, que apesar de toda a tecnologia, uma parede de ignorância mantinha afastados os seus reinos. Depois de muito pensarem, e como não podiam sozinhos deitar os muros abaixo, resolveram abrir uma janela que permitisse a comunicação entre cada um dos seus reinos. Houve logo quem dissesse que eles estavam era com falta de ar mas eu estou convencido de que eles o fizeram por causa da sua proverbial e inesgotável curiosidade e espírito humanista – ou não fossem os mochos professores.

Deitaram então mãos à obra.
Pediram ajuda a outros mochos professores dos seus países, (Delfina),
(Isabel),
(Teresa), envolveram os seus alunos e com aquela energia que só os corações são capazes de produzir, foram construindo uma janela enorme de onde se podia ver cada um dos seus países e onde, lentamente, com a paciência de um caracol, foram trocando dedos, palavras, sorrisos, imagens, experiências, girassois, misturando os seus alfabetos, as suas almas, as suas culturas, encontrando cumplicidades, descobrindo o quanto eram parecidos para além do espelho deformante das diferenças. E, desde de então, o mundo deles nunca mais foi o mesmo.
Moral da história: às vezes, para mudar o mundo, basta meia dúzia de mochos sonhadores e uma janela.